quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A um moribundo (Florbela Espanca)


Não tenhas medo,não! Tranquilamente,

Como adormece a noite pelo Outono,

Fecha os teus olhos, simples, docemente,

Como, à tarde, uma pomba que tem sono...


A cabeça reclina levemente

E os braços deixa-os ir ao abandono,

Como tombam, arfando, ao sol poente,

As asas de uma pomba que tem sono...


O que há depois? Depois?... O azul dos céus?

Um outro mundo? O eterno nada? Deus?

Um abismo? Um castigo? Uma guarida?


Que importa? Que te importa, ó moribundo?

- Seja o que for, será melhor que o mundo!

Tudo será melhor do que esta vida!...

2 comentários:

Edith Janete disse...

Depois que posto me lembro de um amigo português que ficou apavorado com meu blog... pensou que eu estava deprimida...
Nossa,falar de morte pra mim me aproxima da vida!!
Florbela está aí pois escreve para um moribundo e é bela poetiza,diferente dela, não acho que seria alívio pra mim sair desta vida. Noooossa, ainda tenho tanta coisa pra ler,escrever, amar...

sauvage27 disse...

Bellissima dolce Edith...
.. um sonho ... é um pouco 'como morrer .. amor .. é um pouco 'como você sonhar ...
Eu soprei um beijo ...
Meu lindo sonho doce ...