segunda-feira, 30 de junho de 2008







No último plantão morreu uma senhora de 58 anos... Câncer de Vulva.



Não vi. Só ouvi.



Diziam: ela está horrível, a perna vai cair...



Traduzindo: a metástase atingia o corpo, e principalmente necrosava a perna próxima ao câncer.



Tá, lúcida e com uma perna podre!!! Que tristeza! Que tortura!



Morreu com mais de 10 familiares por perto. Faz parecer mais digna a morte.



Faz?

quarta-feira, 18 de junho de 2008


Ela morreu...

A menina de 19 anos morreu dois dias depois do meu último post.

A mãe despedaçada...

O que estaria passando na cabeça deste pai que a reencontrou depois de 14 anos sem vê-la?? Reencontrou para vê-la morrer, para despedir-se, ver o encerramento de uma história, que foi tão breve, tão breve...

quinta-feira, 12 de junho de 2008


Ontem perguntei para os colegas onde estava a menina de 19 anos que tem adenocarcinoma de ovário, descobri que estava na UTI.
Ela está consciente, mas abatida pela quimioterapia que fez há dois dias
A notícia boa: uma colega que também sofre do câncer de ovário, voltou a trabalhar e está com uma boa aparência.
Gostaria de pensar que existe saída para essa doença. Ou pelo menos, uma boa sobrevida.

segunda-feira, 2 de junho de 2008





(...) Eu estou em outro mundo agora, o da observação atenta dos detalhes mais miúdos. Eu tenho o olhar nos musgos dos mofos da alma.


(Gustave Flaubert)



Poema nº 08 da série Espelhos
(da inexorabilidade da morte)


Especulastes
por séculos
e séculos

vossa santa imagem mundana
e te abrigastes num céu
que não é teu

meu poema ateu
trás da tua imagem
a (des)semelhança

nenhum Deus te habita
olha-te no espelho

este feixe de carne musculos
e luz
que te conduz e seduz

apodrece à dispensa
do que na tua mente reluz

e como aquela flor
que resplandece
nesta manhã de agosto

mesmo a contragosto
serás um dia
apenas lixo orgânico

e não haverá nenhum Deus
céu inferno paraiso
ou sei lá
a crença que for preciso


que lhe desencrave da carne
a morte.

Paulo. 2 de Junho de 2008 08:14