"A morte trabalha conosco no mundo: poder que humaniza a natureza, que eleva à existência o ser, ela está em nós, como nossa parte mais humana; ela é morte apenas no mundo, o homem só a conhece porque ele é a morte por vir. Mas morrer é quebrar o mundo: é perder o homem, aniquilar o ser; portanto, é também perder a morte, perder o que nela e para mim fazia dela morte. Enquanto vivo, sou um homem mortal, mas, quando morro, cessando de ser um homem, cesso também de ser mortal, não sou mais capaz de morrer, e a morte que se anuncia me causa horror, porque a vejo tal como é: não mais morte, mas a impossibilidade de morrer." (BLANCHOT, 1997, P. 324)
É preciso esclarecer este morrer de Blanchot para quem não o conhece:
"Escrever é ser atraído para fora do vivido, do mundo, em direção à Eurídice, aos infernos – espaço da escritura. Orfeu se volta para Eurídice, pois não voltar-se seria trair uma experiência simultaneamente essencial e arruinadora da obra, experiência onde se atinge o ponto extremo, o extremo risco, exigência paradoxalmente impossível da obra. A experiência é experiência da escritura, busca impossível da origem e da morte. É experiência da atração da origem: o desobrar; e impossibilidade de “olhar” a origem: o obrar."
7 comentários:
Lindo demais Janete, lindo lindo lindo.
preciso disso, pra viver, bjs
Muito bem apresentados os fragmentos. Blanchot de fato merece essa reverência. Obrigado.
lindo.
de qual livro é?
obrigada
Leonora
Oi Leonora, tenho vários textos de Blanchot e um livro apenas " o livro por vir". Se não me engano o trecho recortado é do "A parte do fogo". Recomendo o "o Livro por vir" também...Lindo!!Adoro a primeira história, de Ulisses... Blanchot é muito bom! Foucault se rendeu tb aos seus encantos.
Obrigada Edith!
Eu li muito Blanchot e pesquisei ele pro mestrado. Sou fanática.
Daí eu querer saber de onde tirou o trecho.
Obrigada.
Achei interessantíssimo seu blog.
Abraço!
Achei! isso mesmo. A parte do fogo.
Achei! isso mesmo. A parte do fogo.
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