Percebo que a morte está cada vez se tornando mais banal pra mim... Hoje morreu um mulher de 61 anos de câncer de mama, metástases...etc...etc... Pensei: nem vou escrever no blog...
Como se fosse necessária uma grande tragicidade nas histórias. Ela era empregada doméstica e a patroa vinha visitá-la, morreu sozinha. Percebi a reação de espanto de alguns estagiários, que nunca haviam presenciado a visão de um cadáver , fitavam a cena impressionados e até boquiabertos. Percebi o quanto a cena está se tornando comum em meus plantões. Claro, que é natural adquirirmos defesas contra estes fatos que poderiam nos angustiar... Nos defendemos procurando não pensar que aquele cadáver um dia cozinhou, alegrou, contou alguma piada, chorou, participou de reuniões de amigos...
Percebo que quando digito o óbito no sistema (terminal) é como se a paciente deixasse de existir no mesmo momento. Sim, defendo-me, mas jamais deixei de tratar com educação quem sente dor , e muito menos não respeitar estes momentos.
Como se fosse necessária uma grande tragicidade nas histórias. Ela era empregada doméstica e a patroa vinha visitá-la, morreu sozinha. Percebi a reação de espanto de alguns estagiários, que nunca haviam presenciado a visão de um cadáver , fitavam a cena impressionados e até boquiabertos. Percebi o quanto a cena está se tornando comum em meus plantões. Claro, que é natural adquirirmos defesas contra estes fatos que poderiam nos angustiar... Nos defendemos procurando não pensar que aquele cadáver um dia cozinhou, alegrou, contou alguma piada, chorou, participou de reuniões de amigos...
Percebo que quando digito o óbito no sistema (terminal) é como se a paciente deixasse de existir no mesmo momento. Sim, defendo-me, mas jamais deixei de tratar com educação quem sente dor , e muito menos não respeitar estes momentos.
3 comentários:
Oi,
sou estudante de enfermagem e fiz uma pesquisa no google com a palavra "gaspear", e me apareceu o seu blog como resultado. Li alguns posts e confesso que fiquei um tanto curiosa e um bocado chocada com as diversas histórias que você conta.
Gostaria de dar os parabéns pois os textos são claros e muito bem escritos, mas ainda não entendi ao certo qual a sua profissão (médica, enfermeira, técnica?) e há quanto tempo você trabalha nesta função.
De alguma forma, acho importante ver que os profissionais de saúde tem sentimentos, e por mais que tentem manter a distância, não há como não se envolver.
Andréa
Oi Andréa, deixe seu mail para podermos manter contato. Fico grata pelos elogios, e mais ainda por poder dividí-las(as histórias) com alguém da área da saúde. Sou psicóloga de dia, mas no hospital onde trabalho, de noite, sou concursada da área administrativa(trabalho burocrático). Trabalho no hospital uma noite sim e outra não (há 8 anos), dando para conciliar com o consultório.
Gosto de escrever, acredito que auxilia na elaboração de nossos problemas. Quando conto para amigos que tenho um blog...o escrevendo a morte...eles olham pra mim e devem pensar: tadinha, deprimidinha...
Não é nada disso. Sei que adquiri mecanismos de defesa contra a dor de conviver com a morte e isso me faz forte o suficiente para escrever sem me abalar. Não virei pedra, mas defendo-me bem contra as angústias. As histórias são para provar talvez, para mim mesmo, que tenho ainda sinto, me comovo, sou afetada pelas histórias, mas pode ter certeza, de maneira construtiva ou ao menos, para poder filosofar sobre a vida/morte. E eu adoro filosofar!! Abraço
18 de Setembro de 2008 21:03
Edith
Vou enviar pra vc um email altarnativo que tenho (depois te digo porque.. rsrs), mas se´ra um prazer poder conversar com vc:
sol_estrela3006@yahoo.com.br
Obrigada pela resposta!
Andrea
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