Lembro de uma paciente muito simpática, de uns 32 anos, câncer de mama, dois filhos lindos e um marido apaixonado. Descobriu o câncer enquanto amamentava o seu filho mais novo, ele vomitava toda vez que ela lhe dava o peito... Preocupada, foi até um posto de saúde e o médico disse que ela estava com má vontade, que não existia a possibilidade do bebê não gostar...blá blá blá...etc... Um dia ela percebeu que estava com “bicheira”, a proliferação de larvas de mosca no seu seio... ou seja, muito tarde... Foi ao médico novamente e descobriu o diagnóstico: câncer de mama, com possibilidade de metástases.
A primeira vez que a vi, ela acabara de fazer uma mastectomia radical na mama esquerda. Ela parou em frente ao balcão que eu estava e começou a falar, de forma muito alegre, como o marido estava abalado com sua doença. Ela estava em sala de cirurgia , teve uma parada cardíaca, foi reanimada e voltou a vida. O marido, sabendo das complicações, rezava na recepção do hospital... Quando disseram que ela estava bem, se ajoelhou, juntou as mãos em oração e disse: -Obrigada meu Deus, como amo minha mulher!!!
Ela estava toda orgulhosa de ter um marido tão preocupado, visto que o passado dele era de drogas... Ela havia ajudado na reabilitação dele. Ela era a força da família.
Um dia a sogra dela ligou para o hospital e perguntou do filho, pois ela estava fazendo quimioterapia em outro hospital (câncer de útero). O filho precisava cuidar dos netos para ela sair. Estas histórias são de uma realidade tão dura, que ás vezes parecem até irreais. Mas não eram.
Nas semanas que se seguiram ela continuava tendo muitas dores no braço, pela retirada dos gânglios acredito... O médico resolveu pedir uma biópsia em um nódulo do outro seio... suspeita de metástase...
Lembro bem da cara do médico quando perguntei: E a fulana? Como está? Ele me respondeu: Ela me abraçou hoje pela manhã, porque a biópsia não havia detectado nada maligno.
Tirei férias de 20 dias, feliz com a notícia, pois acabei me aproximando desta mulher simpática (eu e a equipe toda), de uma vivacidade invejável, ela era um SORRISO.
Quando voltei, fui conferir as pacientes da UTI e levei um choque: ela estava em uma das camas... Entubada... Era a reta final na luta contra o câncer. Fiquei muito abalada... e antes de eu terminar meu plantão, o câncer venceu a batalha: ela estava morta! Nestas horas considero meu trabalho muito difícil, tive que providenciar o atestado de óbito e ver aquele corpo, que antes era tão vivo, perdendo a cor, enrijecendo... Acabou.
E os filhos pequenos?
E o marido como estará?
E a sogra, que poderia apoiar afetivamente o filho e os netos? Já estaria também em fase terminal?
A primeira vez que a vi, ela acabara de fazer uma mastectomia radical na mama esquerda. Ela parou em frente ao balcão que eu estava e começou a falar, de forma muito alegre, como o marido estava abalado com sua doença. Ela estava em sala de cirurgia , teve uma parada cardíaca, foi reanimada e voltou a vida. O marido, sabendo das complicações, rezava na recepção do hospital... Quando disseram que ela estava bem, se ajoelhou, juntou as mãos em oração e disse: -Obrigada meu Deus, como amo minha mulher!!!
Ela estava toda orgulhosa de ter um marido tão preocupado, visto que o passado dele era de drogas... Ela havia ajudado na reabilitação dele. Ela era a força da família.
Um dia a sogra dela ligou para o hospital e perguntou do filho, pois ela estava fazendo quimioterapia em outro hospital (câncer de útero). O filho precisava cuidar dos netos para ela sair. Estas histórias são de uma realidade tão dura, que ás vezes parecem até irreais. Mas não eram.
Nas semanas que se seguiram ela continuava tendo muitas dores no braço, pela retirada dos gânglios acredito... O médico resolveu pedir uma biópsia em um nódulo do outro seio... suspeita de metástase...
Lembro bem da cara do médico quando perguntei: E a fulana? Como está? Ele me respondeu: Ela me abraçou hoje pela manhã, porque a biópsia não havia detectado nada maligno.
Tirei férias de 20 dias, feliz com a notícia, pois acabei me aproximando desta mulher simpática (eu e a equipe toda), de uma vivacidade invejável, ela era um SORRISO.
Quando voltei, fui conferir as pacientes da UTI e levei um choque: ela estava em uma das camas... Entubada... Era a reta final na luta contra o câncer. Fiquei muito abalada... e antes de eu terminar meu plantão, o câncer venceu a batalha: ela estava morta! Nestas horas considero meu trabalho muito difícil, tive que providenciar o atestado de óbito e ver aquele corpo, que antes era tão vivo, perdendo a cor, enrijecendo... Acabou.
E os filhos pequenos?
E o marido como estará?
E a sogra, que poderia apoiar afetivamente o filho e os netos? Já estaria também em fase terminal?
(Imagem: Tchello d'Barros)
Esta história vai para Evelyn, estudante de enfermagem.
Evelin, essa história eu não tinha contado ainda por me ser muito dolorida, mas é bom poder compartilhar com alguém da mesma área. Abraço
Esta história vai para Evelyn, estudante de enfermagem.
Evelin, essa história eu não tinha contado ainda por me ser muito dolorida, mas é bom poder compartilhar com alguém da mesma área. Abraço
3 comentários:
* Buona Pasqua *
☼•*•.¸¸¸,.•***•.¸¸,.•*`°`’’`
Nossa, muito obrigado!
Eu achei muito triste essa história. E imagino o quanto não deve ser difícil pro profissional da área de saúde ter de lidar com situações assim. Espero que eu aprenda a desenvolver força e coragem pra encarar essas situações que futuramente, inevitavelmente, terei de lidar...
Não deixe de postar!!
beijo!
Evelyn
Força adquirimos com certeza, ou não resistiriamos... Mas o importante é escolhermos as nossas forças, e tentar jamais permitir que esqueçamos que existe no outro ,um ser humano, que neste momento precisa de nossa ajuda, pois encontra-se mais vulnerável...
Não sucumbir a dor do paciente mas também não transformar-se em pedra. Bom te ver por aqui Evelyn!
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