Fazia muito tempo que eu não sentia tanta dor ao ver uma paciente sofrendo...
Acredito que tenha sido por me identificar com ela pelo fato de ser mãe.
A paciente tem 80 anos, uma estrutura física normal, até um pouco encorpada. O corpo parece de alguém com uns 50 anos, a cara de 60 e a súplica tinha uns 100 anos ... Mas a dor ... Parecia tão dilacerante que afetou a mim e minhas colegas, ficamos até a troca de plantão ao lado dela...
-Quero ver meu filho, preciso ver meu filho!!(Lágrimas, expressão de dor) Ele está precisando de mim, quero ficar do lado dele, nessa vida sempre ficamos juntos, nunca nos separamos, quero ir vê-lo... (Levantou da cama, se vestiu e queria ir embora de qualquer jeito).
Ela está com câncer de endométrio, veio por sangramento, ficou na UTI e agora está no quarto. Ela tem sonda para urinar e uma espécie de acesso direto a medicações próximo ao pescoço. A médica (foi chamada com urgência) vendo o estado de agitação da paciente prescreveu uma medicação forte para acalmá-la. Fez efeito por apenas 30 minutos. A dose era para derrubar leão , como dizem.
Que força é esta que impulsiona muitas mães? Que faz o medicamento não fazer o efeito esperado... Peguei a pasta da paciente e liguei para um número de uma vizinha...
Ela me disse que a irmã da paciente iria visitá-la hoje e que não tinha vindo ontem porque tinha tido alguns problemas com uma “papelada”... Falei da agitação da paciente e da vontade dela de ver o filho.
- O filho dela está internado em um hospital psiquiátrico da cidade pois tentou agredir a mãe várias vezes, algumas eu até presenciei...mas avisa ela que ele está bem-desabafa a vizinha.
Fui lá e contei que o filho estava bem , que havia falado com a Rita...etc...etc..
-Ela não gosta do meu filho, só eu conheço ele, eu sei que ele está sofrendo muito agora, quero ir lá, pegá-lo, levar para casa , ficar com ele e não sair mais de casa. (Choro intenso)
Voltei para casa com o peito dolorido por segurar o choro... Pensei em nunca mais entrar em quarto algum, pensei em dar uma de Patch Adams e promover o encontro dela com o filho...
Depois, um pouco recuperada do impacto desta história, imaginei como teria sido a vida da dupla mãe-filho... Muitas possíveis histórias foram se formando... Mas acredito que no próximo plantão eu tenha mais notícias dela e de preferência: que ela esteja bem para poder ver o filho. O que é provável , tamanha a força de seus sentimentos.
Acredito que tenha sido por me identificar com ela pelo fato de ser mãe.
A paciente tem 80 anos, uma estrutura física normal, até um pouco encorpada. O corpo parece de alguém com uns 50 anos, a cara de 60 e a súplica tinha uns 100 anos ... Mas a dor ... Parecia tão dilacerante que afetou a mim e minhas colegas, ficamos até a troca de plantão ao lado dela...
-Quero ver meu filho, preciso ver meu filho!!(Lágrimas, expressão de dor) Ele está precisando de mim, quero ficar do lado dele, nessa vida sempre ficamos juntos, nunca nos separamos, quero ir vê-lo... (Levantou da cama, se vestiu e queria ir embora de qualquer jeito).
Ela está com câncer de endométrio, veio por sangramento, ficou na UTI e agora está no quarto. Ela tem sonda para urinar e uma espécie de acesso direto a medicações próximo ao pescoço. A médica (foi chamada com urgência) vendo o estado de agitação da paciente prescreveu uma medicação forte para acalmá-la. Fez efeito por apenas 30 minutos. A dose era para derrubar leão , como dizem.
Que força é esta que impulsiona muitas mães? Que faz o medicamento não fazer o efeito esperado... Peguei a pasta da paciente e liguei para um número de uma vizinha...
Ela me disse que a irmã da paciente iria visitá-la hoje e que não tinha vindo ontem porque tinha tido alguns problemas com uma “papelada”... Falei da agitação da paciente e da vontade dela de ver o filho.
- O filho dela está internado em um hospital psiquiátrico da cidade pois tentou agredir a mãe várias vezes, algumas eu até presenciei...mas avisa ela que ele está bem-desabafa a vizinha.
Fui lá e contei que o filho estava bem , que havia falado com a Rita...etc...etc..
-Ela não gosta do meu filho, só eu conheço ele, eu sei que ele está sofrendo muito agora, quero ir lá, pegá-lo, levar para casa , ficar com ele e não sair mais de casa. (Choro intenso)
Voltei para casa com o peito dolorido por segurar o choro... Pensei em nunca mais entrar em quarto algum, pensei em dar uma de Patch Adams e promover o encontro dela com o filho...
Depois, um pouco recuperada do impacto desta história, imaginei como teria sido a vida da dupla mãe-filho... Muitas possíveis histórias foram se formando... Mas acredito que no próximo plantão eu tenha mais notícias dela e de preferência: que ela esteja bem para poder ver o filho. O que é provável , tamanha a força de seus sentimentos.