segunda-feira, 1 de setembro de 2008


Percebo que a morte está cada vez se tornando mais banal pra mim... Hoje morreu um mulher de 61 anos de câncer de mama, metástases...etc...etc... Pensei: nem vou escrever no blog...
Como se fosse necessária uma grande tragicidade nas histórias. Ela era empregada doméstica e a patroa vinha visitá-la, morreu sozinha. Percebi a reação de espanto de alguns estagiários, que nunca haviam presenciado a visão de um cadáver , fitavam a cena impressionados e até boquiabertos. Percebi o quanto a cena está se tornando comum em meus plantões. Claro, que é natural adquirirmos defesas contra estes fatos que poderiam nos angustiar... Nos defendemos procurando não pensar que aquele cadáver um dia cozinhou, alegrou, contou alguma piada, chorou, participou de reuniões de amigos...
Percebo que quando digito o óbito no sistema (terminal) é como se a paciente deixasse de existir no mesmo momento. Sim, defendo-me, mas jamais deixei de tratar com educação quem sente dor , e muito menos não respeitar estes momentos.